
Por Alan Caldas (Editor)
O Colégio Imaculada Conceição está no topo das coisas raras e boas que se tem em Dois Irmãos e que é motivo de honra para todos que moram na cidade. A razão desse orgulho todo é a idade desse educandário. Ele foi criado no ano de 1900, na época com 40 alunas, que além do ensino regulamentar desenvolviam, também, trabalhos com agulha, confecção de flores, pintura, música e teatro, e tudo sempre dirigido por religiosas. No andar do tempo, o Imaculada Conceição foi escola para centenas, milhares de pessoas de Dois Irmãos e de fora, que vinham para estudar aqui muitas vezes em regime de internato. Inicialmente apenas para moças, o Colégio acompanhou o tempo e passou a ser misto, e seguiu e segue sua jornada de formação humanista e cristã. Formou milhares de pessoas nesses quase 124 anos de idade.
Nossa biografada de hoje, Shirley Heck Backes, não é religiosa. É leiga. Mas se pode dizer que felizmente o destino proporcionou a ela um encontro com uma religiosa e que, desde então, vem proporcionando muitas alegrias ao setor de Educação privada em Dois Irmãos.
Shirley estava cursando uma pós-graduação em Novo Hamburgo, no ano de 2007, e acabou conhecendo a Irmã Irene, a religiosa diretora do Colégio Imaculada Conceição. A irmã a convidou a vir conhecer o Imaculada Conceição, em Dois Irmãos. Shirley veio e se encantou com a história e a filosofia educacional que baseava a vida do educandário. Desde então, passou a integrar o quadro de colaboradores da escola e ela passou a ser a vida da Shirley. Passou por diversas funções até que, finalmente, e a pedido da Congregação, tornou e é hoje a Diretora leiga dessa famosa e respeitada escola.
Shirley não é gaúcha. É de Santa Catarina e veio para Novo Hamburgo afim de estudar. Fez curso técnico, trabalhou na indústria, casou e teve uma filha aos 18 anos. Passados alguns anos, cursou faculdade e pós-graduação.
Sempre com um olhar concentrado e atento, a trajetória dela desde que chegou em Dois Irmãos tem sido buscar a excelência na formação de crianças e adolescentes.
Isso não é apenas seu trabalho. É a essência dela. Quem a conhece sabe que a Shirley acredita sincera e profundamente que crianças e adolescentes precisam de uma educação humanista, que incentive os valores éticos e cristãos, e que ao mesmo tempo os prepare para o mundo, para a vida e para um mercado de trabalho cada dia mais complexo e tecnológico que é de onde, no fundo, o ser humano tira seu sustento.
Sua vida dentro do Imaculada não foi sempre na linha de frente. Mas, observadora e atenta que é, Shirley vê com alegria a atitude positiva de muitos jovens que passaram pelo Colégio e que hoje atuam com decisão por um mundo melhor e mais humano, tanto social quanto ecologicamente.
Administrar uma escola com esse tempo de existência e importância na cultura de uma região inteira não é algo simples. Shirley conhece bem as dificuldades. Mas é uma mulher cheia de esperança em cada aluno que entra na escola. Isso a faz ser otimista e olhando muitos que passaram pelo educandário, Shirley diz que felizmente a sociedade está trilhando uma caminhada de maior cuidado com o planeta e com a colaboração em pesquisas científicas que impulsionam o desenvolvimento do mundo.
Consciente do mundo em que vive, para ela a política é extremamente importante, pois abrange uma pluralidade de pessoas que discutem e decidem sobre os mais variados temas que atenderão o bem-estar do pais, das instituições, a humanidade e, no alto de tudo isso, os valores cristãos que o Colégio Imaculada Conceição apregoa desde sua fundação, em 4 de junho do ano de 1900 a pedido do pároco de Dois Irmãos, padre Augusto Lohmann.
Vida familiar e pessoal
Shirley Maria Heck nasceu no Hospital Santa Casa Rural, em 5 de agosto de 1968, em Itapiranga, que hoje é São João do Oeste, em Santa Catarina.
Filha de Aloysios Heck e Julita Romana, Shirley tem 11 irmãos, sendo cinco homens e seis mulheres. Todos gostavam muito de leitura e jogos em família.
Os pais eram naturais de Santa Cruz do Sul. O pai, Aloysios, tinha 41 anos quando a filha nasceu. Era agricultor e teve vida intensa, foi ecônomo, vereador e sub-prefeito em São João do Oeste. Faleceu aos 79 anos. A mãe, dona Julita, tinha 40 anos quando Schirley nasceu, também era agricultora, faleceu aos 90 anos de idade e lúcida até o último suspiro. Poucos dias antes de falecer, inclusive, dona Julita estava lendo o último livro que a filha lhe emprestou. Não é precisou nem dizer que ao lembrar deles os olhos da Shirley se enchem de lágrimas, tantas foram as boas e amorosas lembranças que eles deixaram impregnadas na alma dela.
Toda a família, materna e paterna, nasceu em Santa Cruz do Sul e depois se espalharam por vários estados. E é uma família grande. Ela tem 10 tios pelo lado paterno e oito pelo lado da mãe. Em vista disso e da fé que os unia a todos, os encontros familiares de Natal, Páscoa e Kerb eram grandes festas. E, além disso, o seu Aloysios, tradicionalmente reunia os irmãos e filhos em seu aniversário, que era sempre um acontecimento familiar.
Os avós paternos da Shirley eram agricultores, mas a neta conviveu pouco com o avô Augusto Heck, porque ele partiu cedo. Porém recorda com muito carinho da avó, Olga Heck, uma pessoa afetuosa e divertida, que faleceu aos 85 anos.
Os avós maternos, Paulo Trinks e Tereza Trinks, também eram agricultores e conviveram pouco com Shirley, porque ela nasceu quando os pais já eram adultos. A neta, então pequena, tem ainda hoje uma lembrança viva de ver a mãe muito triste se arrumando para o enterro da avó.
A infância de Shirley foi feliz, porque as brincadeiras eram entre ela e seus irmãos e primos, que eram muitos.
Quando veio a juventude ela ia a bailes, festas, carnaval e reuniões dançantes feitas pela escola. Na adolescência, montou um grupo de teatro com colegas, durante o Ensino Médio, e viajavam para se apresentar a fim de juntar recursos para a viagem de fim de ano escolar. Até hoje os amigos mantêm contato por meio de um grupo de WhatsApp, e fazem encontros no decorrer do ano.
Os pais, Aloysios e Julita, eram rígidos quanto aos namoros. Mas nada detém o amor. Shirley namorou um colega de aula, do ensino médio, quando tinha 18 anos, em Santa Catarina, e foi com ele que ela disse “sim”, no dia 9 de janeiro de 1987, casando-se com Euclides José Backes. O casal teve dois filhos. Suelen Backes, de 37 anos, que é jornalista e gerente de comunicação em uma empresa da região. E William Backes, que tem 25 anos, cursou eletrônica no Colégio Liberato e estava cursando Engenharia Mecânica, na UFRGS, quando foi selecionado para uma universidade de Portugal, onde cursou Economia, formando-se em julho de 2022. Posteriormente, foi para Bonn, na Alemanha, onde está fazendo mestrado em Economia.
A vida não tem apenas boas notícias. Tristezas e alegrias são faces da mesma moeda. E infelizmente o esposo Euclides faleceu em decorrência de um acidente, no mês de junho de 2010.
Não foi fácil. Nunca é fácil. Mas a vida precisa seguir. E Shirley seguiu. Dedicou-se aos filhos e ao trabalho, suportou a dor, os anos foram passando e o tempo, o senhor da razão, foi fazendo a cura na alma da Shirley e lhe proporcionando as boas lembranças vividas com o esposo falecido.
Hoje, em seu tempo livre, Shirley gosta de assistir a séries e filmes, viajar e reunir a família e amigos. Adora leitura, é óbvio, e é eclética no gosto literário, lendo de tudo. Para cuidar da saúde, pratica pilates e faz caminhadas. Também já fez viagens. Foi duas vezes a Portugal, Inglaterra, Bélgica, Holanda, Alemanha, Uruguai, Argentina, e para diversos estados brasileiros. Para ela, viajar é um momento de liberdade, e entre suas preferências de destinos e passeios estão cachoeiras, cascatas e trilhas, destinos que envolvam a natureza, o que bem demonstra seu lado humanista.
Estudo e trabalho
Shirley começou a frequentar o jardim de infância aos 4 anos e, aos 6, entrou no primeiro ano na Escola Básica Madre Benvenuta, em Itapiranga. Fez o Ensino Médio e Técnico em Administração no Colégio Cenecista Jorge Lacerda.
Aos 16 anos, em 1984, no último ano do Ensino Médio, trabalhou na residência de uma professora, cuidando da casa, e no fim deste mesmo ano começou a trabalhar em uma loja. Mais tarde, em janeiro de 1990, trabalhou na área administrativa de uma fábrica de calçados, em Novo Hamburgo. Posteriormente trabalhou como chefe de caixa em uma loja e em um escritório de contabilidade. Após isso e durante sete anos, trabalhou no Grupo Amazonas e mais outros 7 anos na empresa Metalgrin, como compradora.
Shirley cursou Comunicação Social, na Feevale, iniciando a faculdade em 1996 e se formando em 2004. Ela tem pós-graduação em Gestão Empresarial com ênfase em Serviços, e Gestão e Supervisão Escolar. Também realizou um curso de gestão pela Rede ICM. E, na Unisinos, fez MBA em Ciência da decisão: Psicologia, Economia e Consumo.
Em 2007 Shirley chegou a Dois Irmãos para trabalhar no Colégio Imaculada Conceição. Na época, ela substituiu a licença da auxiliar de secretária. Em 2017 assumiu a vice direção do colégio, e em agosto do mesmo ano foi nomeada diretora interina. Em dezembro do mesmo ano foi empossada como a primeira diretora leiga do centenário educandário, cargo que exerce até hoje com grande eficiência na condução do respeitadíssimo Colégio Imaculada Conceição, que é uma grife em educação no Vale dos Sinos.
*
SHIRLEY MARIA HECK BACKES
Diretora do Colégio Imaculada Conceição
Viúva de: Euclides José Backes
Mãe de: Suelen e William
Filha de: Aloysios Heck e Julita Romana
Neta de: Augusto Heck e Olga Heck, e de Paulo Trinks e Tereza Trinks