
Por Rafael Sauthier*
Uma interessante matéria da revista Isto É publicada em janeiro deste ano aponta alguns mitos com relação às armas no Brasil. O debate que cerca o assunto é dominado por falácias tanto para um lado como para o outro.
Por exemplo, (I) a ideia de que os brasileiros querem uma liberação ainda maior não corresponde à verdade. Uma pesquisa do Datafolha divulgada em 31 de dezembro de 2018 aponta que 61 % dos brasileiros defendem que a posse de armas seja proibida. Outro mito é a ideia de que (II) a arma em casa deixa o cidadão mais seguro. Um estudo do IBCCrim (Instituto Brasileiro de Ciências Criminais) do ano de 2000, feito para a Secretaria de Segurança de São Paulo, concluiu que possuir armas na residência aumenta em 56% o risco de algum morador ser morto durante um roubo, em comparação ao resto da população. Matéria semelhante feita em fevereiro de 2016, pela empresa jornalística Carta Capital, desmascara outros mitos. (III) O pensamento de que o cidadão armado provê maior segurança à sua família também não corresponde à realidade. Pesquisas baseadas em dados concretos mostram que a disponibilidade de armas em casa aumenta o risco de suicídio, acidentes e homicídios entre os familiares, e, pior, não inibem a ação de criminosos. Uma boa ilustração disso pode ser achada na pesquisa do Prof. David Hemenway, da Universidade de Harvard. (IV) A regulação mais restritiva de acesso às armas de fogo não é importante, uma vez que as armas dos bandidos entram ilegalmente pelas fronteiras? Errado. Pesquisas no Rio de Janeiro e São Paulo mostraram que cerca de 75% das armas utilizadas no crime apreendidas pela polícia são pistolas e revólveres fabricados no Brasil. Outra pesquisa do Ministério Público de São Paulo com o Instituto Paz mostrou que 38% das armas envolvidas em crimes fatais e apreendidas com criminosos, além de serem de procedência nacional, eram registadas por brasileiros que haviam sido desviadas para a ilegalidade. E esta matéria da Carta Capital segue com outros mitos desmascarados.
Cuidado leitor: antes de formar sua opinião, procure se informar.
(*) Rafael Sauthier é Delegado de Polícia há 18 anos e exerce suas atividades no Vale do Sinos. Também é mestre em Ciências Criminais pela PUC RS e professor de Direito Processual Penal na Faccat