Fonte: Autoesporte
O número de internação de motociclistas envolvidos em acidentes de trânsito bateu recorde nos sete primeiros meses de 2021. Ao todo, foram registrados 71.344 ocorrências, número 14,3% maior que o registrado em 2020 e 8,3% mais alto que o computado em 2019. O meio de transporte que se intensificou durante a pandemia representa 54% de todos os sinistros de trânsito no Brasil.
Estudo divulgado no dia 17 de setembro pela Abramet (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego) alerta sobre a crescente taxa de acidentes com motos e as consequências que isso traz para o sistema de saúde pública. Além dos danos – que podem ser até irreversíveis – estima-se que o Sistema Único de Saúde (SUS) gastou R$ 107,9 milhões para tratar motociclistas que sofreram traumas entre janeiro e julho deste ano.
Durante a pandemia
Se considerarmos somente a época de pandemia, em que as pessoas ficaram muito dependentes do e-commerce e serviços de delivery, os acidentes com veículos de duas rodas se intensificaram. Entre março de 2020 e julho de 2021, cerca de 308 mil motociclistas precisaram ser hospitalizados, e cerca de 2 mil não resistiram aos ferimentos. O total de hospitalizações custou R$ 279 milhões ao cofres públicos.
– A presença desse condutor no trânsito aumentou significativamente nos últimos anos, sobretudo durante a pandemia, período em que eles alçaram relevância ainda maior para a sociedade. É um público mais exposto ao risco e mais vulnerável a sofrer lesões no caso de se envolver em um sinistro de trânsito. Por isso, precisa de políticas específicas que ajudem a preservar sua vida e proteger sua saúde – afirmou Antonio Meira Júnior, presidente da Abramet.
Perfil traçado
A pesquisa também procurou entender o gênero e a faixa etária em que se encontram o maior número de sinistros. Dessa forma, em 83,4% dos acidentes com motos, o condutor é do sexo masculino. A maior parte dos casos está concentrada em pessoas de 20 a 29 anos. Ou seja, um público mais jovem.
Aumento da frota
Dados oficiais apurados pela Abramet demonstram que o número de motociclistas cresceu 54,3% entre 2009 e 2019 no Brasil. Assim, 33.024.249 brasileiros estão habilitados na categoria A (motocicletas, motonetas, ciclomotores e triciclos), ou combinando as categorias AB, AC, AD e AE. Esse número corresponde a 44,7% do total de portadores de Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
A expansão vai de encontro com a presença de motocicletas nas vias brasileiras: a frota quase dobrou nesse período, saindo de 15 milhões de unidades em 2009 para mais de 28 milhões 10 anos depois.
Consequências da pandemia
Outros fatores também intensificaram a procura pelo veículo. Em primeiro lugar, a pandemia impulsionou o e-commerce e o serviço de entregas. Na retomada das atividades presenciais, a motocicleta – meio de transporte individual e mais acessível que um automóvel – se tornou um atrativo. Além disso, diante do litro da gasolina encostando nos R$ 7, a troca pela moto pode ter sido uma alternativa mais eficaz para economizar.
Dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) apontam que até agosto o segmento de motocicletas já emplacou 732 mil unidades, volume bem maior que os 531 mil veículos licenciados no mesmo período de 2020 e maior até que as 708 mil unidades comercializadas entre janeiro e agosto de 2019.
Número de sinistros registrados desde 2012
Ano – Acidentes entre Jan/Jul
2012 – 47.044
2013 – 49.041
2014 – 55.747
2015 – 57.768
2016 – 59.707
2017 – 59.709
2018 – 60.434
2019 – 65.865
2020 – 62.433
2021 – 71.344
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS)