
“A dança é um convite para sentir-se vivo”, diz a professora Jenifer (Foto: Vanessa Fanfa)
Nesta terça-feira, 29 de abril, o mundo celebra o Dia Internacional da Dança. A data foi instituída em 1982 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) e pelo International Theatre Institute (ITI), para honrar a arte que transcende culturas e une corpos em movimento.
A escolha do dia não é por acaso, ela marca o nascimento de Jean-Georges Noverre (1727–1810), coreógrafo francês que revolucionou a dança ao defender, no século XVIII, que os movimentos deveriam expressar emoções, não apenas seguir técnicas.
Nesse contexto, histórias como a de Jenifer Berlitz, 42 anos, dançarina e professora, ganham relevância. Para ela, a dança traz sentido à vida, permitindo que o indivíduo expresse seus sentimentos através do corpo. Graduanda em Licenciatura em Dança pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS), iniciou sua trajetória profissional em 2013 e hoje passa essa filosofia adiante em projetos sociais, aulas de ritmos e coreografias personalizadas. “A ideia não é ser apenas corpos mecânicos, mas algo que faça sentido para as pessoas que estão dançando”, define, ao mencionar o exemplo das coreografias de casamento.
Por 9 anos Jenifer atuou como professora no projeto de contraturno da Secretaria de Educação de Dois Irmãos, o Global, e desde 2023 lidera o grupo de Danças Circulares, projeto da Secretaria da Saúde, no Parque Municipal Romeo Benício Wolf.
Em sua trajetória, seu trabalho inclui aulas em academias e escolas de dança, como é o caso do Studio Tainá Campagnoni, Estância Velha, onde ensina ritmos. “Muitas pessoas recorrem às minhas aulas por não se identificarem com as academias convencionais, preferindo a agitação da dança”.
Da faculdade de Matemática à Dança do Bugio
Para o dançarino e instrutor de Dança Gaúcha Anderson Cristiano Haack, 43 anos, a dança é muito mais do que uma competição. “É a forma mais sincera de expressar sentimentos, algo que vem da alma e flui pelo corpo. A dança é a linguagem que as palavras não conseguem traduzir”, afirma.
Com uma trajetória marcada pela paixão, ele conta que dançar com suas filhas é uma das suas maiores alegrias. “Dançar um Bugio com minha filha Brenda, de 21 anos, ou ninar minha filha Mariana, de 1 ano e 6 meses, ao som do Tatu, é uma das coisas mais especiais que a dança me proporcionou”, enfatiza.
Apesar de ter iniciado a faculdade de Matemática, foi na Dança Gaúcha que encontrou sua verdadeira vocação. “Não me vejo em outro lugar, senão rodeado de alunos e amigos que fiz ao longo dessa jornada.”. Ele também comenta que a dança gaúcha é uma das mais difíceis de se dançar. “Não é do dia para a noite que se torna uma dançarina ou chuleador”, alerta.
Em cidades como Dois Irmãos, ele vê a dificuldade de viver da dança. “O dançarino precisa ser professor, pois não é amplamente reconhecido como artista. Mas acredito que isso vai mudar”, comenta. Atualmente, Anderson trabalha todos os dias da semana, com 30 grupos de dança em 5 municípios. Ele acredita no poder transformador da dança, que é inclusiva e une famílias. “A dança é para todos, de todas as idades e condições.”
O dançarino reforça que para as crianças e jovens que começam em uma invernada, é muito importante o apoio e incentivo da família. “Para quem quer aprender a dançar em qualquer idade, digo que tenha paciência com seu parceiro e consigo mesmo, pois cada um tem seu tempo. Com dedicação podemos alcançar nossos objetivos, pois, assim como na dança, é a vida”, finaliza.
Neste dia, enquanto relembramos Noverre e sua revolução emocional, histórias como a de Jenifer e Anderson reforçam que a dança não é apenas movimento, mas é linguagem universal e ferramenta de transformação. Como definiu a UNESCO, é um patrimônio da humanidade e, nas palavras da professora Jenifer, “um convite para sentir-se vivo”.