
Fonte: Diocese de NH – Fotos: Divulgação / Diocese
No último sábado (22), representantes das paróquias, movimentos, pastorais, carismas e serviços da Diocese de Novo Hamburgo se reuniram no salão nobre da Catedral São Luiz Gonzaga, em Novo Hamburgo, para uma manhã de formação sobre o tema da Campanha da Fraternidade de 2025: Fraternidade e Ecologia Integral.
– A formação, ministrada por diversos palestrantes, abordou, com o método ver, iluminar e agir, o tema da ecologia e suas consequências para a comunidade mundial e o trato da casa comum, além do dever cristão de cuidar da Criação. Na primeira parte do encontro, a bióloga e Doutora em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente, Juçara Bordin, expôs a situação ecológica mundial ressaltando a urgência de cuidados para com o meio ambiente. Após, Pe. Ramiro Mincato, sacerdote de nossa diocese, trouxe a etapa de iluminação, baseando-se na Sagrada Escritura, seguido pela exposição de propostas de ação diante dos desafios feita pelo Pe. Edson Thomassim, também de nossa diocese – destaca a publicação feita pela Diocese, da qual fazem parte Dois Irmãos, Morro Reuter e Santa Maria do Herval.
Em entrevista ao jornalista Pe. Fábio Luís Galle, o Coordenador Diocesano da Pastoral, Pe. Cláudio Vicente Immig, destacou a relevância da formação e da Campanha da Fraternidade de 2025. Confira o que ele disse:
Qual é a finalidade da formação sobre a Campanha da Fraternidade?
Pe. Vicente – A finalidade da formação sobre a Campanha da Fraternidade é conscientizar, capacitar e mobilizar as lideranças sobre o significado e a importância da Campanha da Fraternidade, para que, nas paróquias, pastorais, movimentos, comunidades, grupos e serviços, aconteça a recepção da CF 2025, preparando assim a abertura oficial que se dará na Quarta-feira de cinzas. É importante compreender que esta campanha se realiza de forma mais intensa na Quaresma, não substituindo as vivências litúrgicas e exercícios de piedade próprios deste tempo, mas oportunizando que a dimensão do compromisso social e da ação sócio transformadora nos ajude no processo de conversão pessoal e comunitária, que continuará para além da celebração da Páscoa, repercutindo durante todo o ano com o tema e os objetivos propostos, para que deem frutos na vida das pessoas e da sociedade.
Em que consiste a Campanha da Fraternidade e qual seu objetivo primordial?
Pe. Vicente – A Campanha da Fraternidade consiste num verdadeiro programa de conversão, por isso, vem acrescentar aos exercícios quaresmais característicos deste tempo litúrgico – jejum, caridade e oração – uma dimensão formativa, contemplada em três objetivos permanentes: 1) despertar o espírito comunitário e cristão na busca do bem comum; 2) educar para a vida em fraternidade; 3) renovar a consciência da responsabilidade de todos pela ação evangelizadora, em vista de uma sociedade justa e solidária. O seu objetivo geral no ano de 2025 é promover, em espírito quaresmal e em tempos de urgente crise socioambiental, um processo de conversão integral, ouvindo o grito dos pobres e da Terra.
Qual é o tema e o lema da campanha deste ano?
Pe. Vicente – A Campanha da Fraternidade de 2025 tem como tema “Fraternidade e Ecologia Integral” e o lema “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31).
De que forma a comunidade pode se envolver com a Campanha da Fraternidade?
Pe. Vicente – Considerando os objetivos específicos da CF 2025, constatamos algumas propostas que apontam perspectivas de envolvimento para a comunidade: denunciar os males que o modo de vida atual impõe ao planeta; apontar as causas da grave crise climática global, a urgência de alteração profunda nos nossos modos de vida e as “falsas soluções”; aprofundar o conhecimento do “Evangelho da Criação”; explicitar a Doutrina Social da Igreja e assumir o compromisso com a conversão integral; vivenciar as propostas do Ano Jubilar em vista de novas relações do ser humano com Deus e suas criaturas, consigo mesmo e com o próximo; propor uma Ecologia Integral como perspectiva de conversão e elemento transversal; incentivar as pastorais e os movimentos socioambientais; promover e apoiar ações efetivas que visem à mudança do modelo econômico que ameaça a vida em nossa Casa Comum; apoiar os atingidos por catástrofes naturais e as vítimas de crimes ambientais; celebrar os 10 anos da Laudato Si’.
Quais são os desafios enfrentados na execução das ações propostas pela campanha? O que podemos fazer para garantir que a CF 2025 alcance suas metas?
Pe. Vicente – Como podemos ler no Texto Base da CF 2025: “Estamos no decênio decisivo para o planeta! Ou mudamos, convertemo-nos, ou provocaremos com nossas atitudes individuais e coletivas um colapso planetário. Já estamos experimentando seu prenúncio nas grandes catástrofes que assolam o nosso país. E não existe planeta reserva! Só temos este! E, embora ele viva sem nós, nós não vivemos sem ele. Ainda há tempo, mas o tempo é agora! É preciso urgentemente de conversão ecológica: passar da lógica extrativista, que contempla a Terra como um reservatório sem fim de recursos, de onde podemos retirar tudo aquilo que quisermos, como quisermos e quando quisermos, a uma lógica do cuidado.” Para garantir que a CF deste ano alcance suas metas, devemos tomar consciência de que somos discípulos missionários e, portanto, propagadores da proposta que a CNBB nos faz através da Campanha da Fraternidade, testemunhando de forma concreta o Evangelho da Criação. Lembremos a partilha e contribuição que é realizada através da Coleta da Campanha da Fraternidade que é recolhida todos os anos no Domingo de Ramos, aplicada em muitos projetos aprovados pelo Fundo da Solidariedade.
De que maneira a Campanha da Fraternidade se relaciona com os princípios da justiça social e solidariedade?
Pe. Vicente – Através da consciência cada vez mais urgente e necessária de que tudo está inter-relacionado, sendo que não podemos falar em ecologia sem pensar no ser humano e na humanidade toda na Casa Comum, onde o zelo e o cuidado são essenciais. Também não podemos ficar indiferentes diante das desigualdades sociais que existem entre as nações e também em nossas realidades locais, pois estas refletem diretamente sobre todos, mas impactam sempre mais as pessoas que estão em situação de maior vulnerabilidade.
Quais são as expectativas em relação à campanha?
Pe. Vicente – Que ela não se esgote em apenas mais um evento, mas que realmente seja um tempo apropriado que nos ajude num verdadeiro processo de conversão pessoal e social, repercutindo de forma muito concreta numa mudança de mentalidade e atitudes, que também nos ajude nas ações sócio transformadoras nos diferentes níveis das nossas vidas, seja enquanto indivíduos, mas também nas nossas comunidades, paróquias, diocese, Brasil e também na Casa Comum, ajudando-nos a caminhar como peregrinos de esperança!