Primeiro tenente a comandar quartel, Maicá relembra desafios dos primeiros anos

23/10/2024
Em fevereiro de 2011, Maicá comandou as buscas na tragédia da Família Lima

Em fevereiro de 2011, Maicá comandou as buscas na tragédia da Família Lima

Inaugurado no dia 23 de outubro de 2004, o Corpo de Bombeiros Comunitário de Dois Irmãos contava com um Sargento, quatro Soldados e 28 bombeiros voluntários. A frota era formada por um Caminhão Auto Bomba Tanque para combate à incêndios e um automóvel Gol para serviços administrativos. Na época, foi denominado pela Brigada Militar como 4º Grupamento de Combate à Incêndio, subordinado ao Corpo de Bombeiros de Novo Hamburgo, a comando do 2º Sargento Alcindo Roberto Severo Rodrigues.

Já em 2007, passou a ser denominado 3ª Seção de Combate à Incêndios, tendo como Comandante o Tenente Edson Luís Maicá Severo, que seguiu no comando até 2015.

Natural de Porto Alegre, Maicá ingressou no Corpo de Bombeiros em 1989 e se tornou tenente em dezembro de 2006. Comandante mais longevo do Corpo de Bombeiros Comunitário de Dois Irmãos até aqui, ele relembra os desafios enfrentados nos primeiros anos, quando o efetivo era formado por oito Bombeiros Militares e 36 Bombeiros Voluntários.

Segundo Maicá, a estrutura era muito modesta. “Era só uma pequena estrutura, formato de uma casa, com uma pequena sala de rádio (sala de operações), um cômodo onde era a administração, uma cozinha e um alojamento bem pequeno. Já havia a garagem que existe até hoje ao lado do Banrisul, que abrigava um caminhão MB 4855 (ABT auto Bomba Tanque), e um Gol antigo na cor branca, com adesivos dos Bombeiros Voluntários. Quando eu usava para sair do município em reuniões de comando, tinha que levar um pouco de óleo do motor para repor; todos os outros comandantes chegavam em boas viaturas, caminhonetes bem equipadas, e eu chegava com o Golzinho queimando óleo. Era motivo de piada por parte de alguns comandantes”, lembra, aos risos.

Na época, o efetivo de Dois Irmãos já atendia as cidades de Morro Reuter e Santa Maria do Herval e as ocorrências mais comuns, segundo Maicá, eram os acidentes na BR-116, o que infelizmente é registrado até hoje. “Uma das primeiras ocorrências mais graves foi, inclusive, um acidente com vítima presa nas ferragens, na BR-116”, lembra Maicá.

 

Conquistas através da Consulta Popular

No início, um dos maiores desafios foi a conquista de veículos novos para o Corpo de Bombeiros Comunitário do município, uma vez que até então atuavam com veículos usados, doados pela Receita Federal, Estado e Brigada Militar.

Segundo Maicá, os veículos novos, e que estão à disposição do efetivo até hoje, foram conquistados através da Consulta Popular, na qual a população decide, através de votação, iniciativas que receberão recurso estadual. “Com ajuda dos bombeiros e comunidade, conseguíamos boas votações a cada ano na área da segurança, e, com isso, conquistamos um caminhão ABT, uma Resgate, uma Pick-up e uma viatura leve, todas 0km”, destaca Maicá, que na época também foi presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento (COMUDE), que atuava diretamente neste processo.

Segundo ele, também foram investidos recursos em EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual) e equipamentos de resgate. “Fomos considerados, na época, como um dos quartéis de Bombeiros mais bem equipados do Estado”, completa.

 

Tragédia em reserva ecológica

Maicá comandou o quartel de Dois Irmãos durante oito anos. Entre as tantas ocorrências atendidas, uma delas ainda é muito viva na sua memória: a tragédia ocorrida no dia 20 de fevereiro de 2011, em um sítio localizado na Picada Verão, na época chamado de Reserva Ecológica da Família Lima. Entre muitos resgates, foram registrados dois óbitos. 

Era por volta das 18h daquele domingo quando uma enxurrada encobriu a reserva. O nível do Arroio Feitoria subiu cerca de 4 metros, pessoas ficaram ilhadas e outras foram arrastadas pela água por mais de 100 metros. Em operação coordenada pelo tenente Maicá, com a participação de 12 bombeiros militares e voluntários, sete das nove vítimas arrastadas pela água foram resgatadas com vida, entre 18h e 2h40 da madrugada de segunda, 21 de fevereiro. 

Ainda naquele dia, à tarde, foi localizado o corpo da primeira vítima fatal, um jovem de 25 anos. Ali, já atuava na ocorrência uma equipe de 36 bombeiros militares, voluntários e mergulhadores. Já o corpo da segunda vítima fatal, uma jovem de 20 anos, foi localizado em 27 de fevereiro, após intenso trabalho das equipes de resgate. “Sem sombra de dúvidas, foi a que mais me marcou. Essa ocorrência durou exatamente uma semana de buscas ininterruptas”, completa Maicá.


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