Por Thaís Lauck

“Se paro e penso, lembro de tudo. Parece que foi ontem. Não tenho como explicar a dor”, relata Bárbara Hoelscher, de 30 anos, ao relembrar a noite de 10 de novembro de 2016. Depois daquele dia, a vida dela nunca mais foi a mesma.

Vítima de violência doméstica, ela teve 47% do seu corpo queimado pelo ex-namorado. Sofreu queimaduras de 1º, 2º e 3º graus nas pernas, braços, colo e rosto. Diante de um quadro grave, a recuperação dela surpreendeu as equipes médicas. “Nasci de novo”, diz ela, que de lá para cá comemora dois aniversários: 12 de agosto, que é sua data de nascimento; e 10 de novembro, dia em que renasceu.

Bárbara ficou internada durante 73 dias no Hospital Municipal de Novo Hamburgo, correndo risco de vida diante da ameaça de infecções. Após a alta hospitalar, precisou equipar um quarto de UTI na própria casa e contar com a ajuda de inúmeras pessoas durante a recuperação. Passou por pelo menos oito cirurgias e diversos procedimentos estéticos. Mas nada apaga o que aconteceu.

As marcas de queimadura eram a lembrança viva de uma noite violenta. Para que elas se transformassem, era preciso ressignificá-las, e foi isso que a jovem fez. Era agosto de 2020 quando ela decidiu cobrir suas cicatrizes com tatuagens, após incentivo de um amigo.

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