
Luis Eduardo Schneider, presidente do Sindicato dos Sapateiros
Luis Eduardo Schneider nasceu em 3 de maio de 1975, em Boa Vista do Herval. Na época, a localidade, que hoje integra o município de Santa Maria do Herval, pertencia territorialmente a Dois Irmãos.
Luis carrega no sangue a tradição calçadista que moldou nossa cidade e o Vale do Rio dos Sinos. Aos quatro anos de idade, ele mudou-se para Morro Reuter, onde cresceu em meio ao ofício que viria a definir sua trajetória de vida. Em 1989, aos 14 anos, deu os primeiros passos na profissão, iniciando na extinta Calçados Maide, de propriedade da família Mallmann e que foi uma das marcas que solidificaram e consolidaram Dois Irmãos como polo calçadista no Rio Grande do Sul. Permaneceu na empresa por quase uma década, até seu encerramento, em 1998. Mas, já em 1996, começava a se envolver com o Sindicato dos Sapateiros, onde encontraria sua vocação como líder trabalhista.
Atualmente em seu terceiro mandato como presidente da entidade, que terá gestão até 2027, Luis Schneider comanda o sindicato que representa cerca de 3 mil trabalhadores em Dois Irmãos e outros 300 em Morro Reuter, ambos municípios que respiram a indústria do calçado.
Sindicato dos Sapateiros
O sindicato, com sede própria na Avenida Florestal, 924, tem 350 associados ativos e outros 750 aposentados. Para fazer parte como sócio, o trabalhador precisa se associar e contribuir com mensalidades de R$ 11,39, para manter a estrutura da entidade que inclui departamentos jurídico, de saúde, capacitação e assistência a aposentados. “Nosso papel vai além das negociações coletivas”, diz Luis. “Garantimos assessoria jurídica, acompanhamento médico e cursos que qualificam o trabalhador", explica ele.
A diretoria, composta por sete membros, divide-se entre as demandas administrativas e as negociações por melhores condições em um setor que já enfrentou crises, mas segue vital para a economia local de Dois Irmãos e regional.
Movimento sindical
O movimento sindical, que no Brasil remonta ao século XIX com as primeiras ligas operárias, ganhou força no século XX, especialmente durante o governo de Getúlio Vargas, com a criação da Consolidação das Leis do Trabalho, a CLT.
Hoje, em um contexto global de flexibilização trabalhista, entidades como a de Dois Irmãos resistem como guardiãs de direitos. “Muitos acham que o sindicato é coisa do passado, mas ele se reinventa”, afirma o presidente Luis, lembrando que a filiação não é automática, depende da adesão voluntária do trabalhador.
Com quase três décadas de ativismo, Luis viu de perto as transformações do setor, que em Dois Irmãos responde por parte significativa dos empregos formais e da cultura de trabalho honesto que caracteriza a cidade. “O sapateiro não faz só calçados, ele faz história”, reflete Luis. E ele, entre linhas, costuras e assembleias, é um dos que ajudam a escrevê-la.