Ex-presidentes e integrantes se manifestam contra venda de parte da Atiradores

14/04/2021
Ideia foi debatida em reunião no início da semana

Ideia foi debatida em reunião no início da semana

Nesta segunda-feira (12), a diretoria da Sociedade Atiradores de Dois Irmãos (SADI) esteve reunida para tratar da possibilidade de venda de parte da sede social no Centro da cidade. A área em discussão, com cerca de 900m², compreende o Departamento de Bolão até os banheiros da sociedade.

– Surgiram várias ideias, mas não definimos nada. Vamos ter outras reuniões até chegarmos no acordo – informou o atual presidente, João Bremm.

O vice-presidente Renato Dexheimer diz que não há pressa por uma definição sobre o assunto.

– Vamos em busca de outras hipóteses, alternativas, não só a venda do terreno, para equacionar o problema das melhorias e reformas que são necessárias. Ficamos de marcar uma nova reunião da diretoria, talvez na próxima semana, com mais alternativas que possam surgir – comentou.

A possibilidade da venda de parte do patrimônio provocou alvoroço na cidade. Ex-presidentes e antigos integrantes tem se posicionado contra o negócio, e encaminharam algumas manifestações ao JDI. Confira a seguir:

 

 

Celso Schneider

 

A importância da Atiradores na minha vida:

Na infância lembro de participar de atividades diversas na sociedade, na companhia dos meus pais, que eram sócios. Meu pai foi sócio remido. Atividades como casamentos, festas dos clubes de futebol, Kerb, dentre outras. Participei também ajudando a trabalhar no Departamento de Tiro, nos treinamentos e nos campeonatos e também no tiro ao rei. Era como uma segunda casa, sempre muito acolhedora. Na adolescência e juventude, com o surgimento da boate Express, em 1979 comecei a participar da sonorização da boate, junto com meus irmãos, e em 1982 passei a ser o DJ fixo e integrava o Departamento Jovem, que promovia as festas para os jovens. Ainda que os espetaculares bailes trouxessem gente de toda a região, especialmente os bailes do Rei e Rainha do Tiro e do Bolão, além dos bailes de Kerb que eram fantásticos, a Express é que marcou, expressivamente, toda uma geração de jovens, daqui e também das cidades vizinhas. Era maravilhoso ponto de encontro semanal. As pessoas esperavam a chegada do final de semana para poderem ir na Express. Era também a Express a principal fonte de renda da sociedade por mais de uma década. Eram festas espetaculares que em muitos casos levava-se a semana toda para enfeitar e decorar a casa para o evento. A Atiradores foi decisiva na integração social da comunidade dois-irmonense. Ela tem 124 anos de história. Não é pouca coisa.

 

Sobre a venda: sou contra. Por quê?

Porque se trata de uma sociedade e não de uma mercadoria particular. Reconheço que, nada mais ofereceu ao associado, nestes últimos anos, além do bolão, o quadro de sócios se esvaziou. Mas a SADI tem Conselho Deliberativo e todos ex-presidentes são conselheiros vitalícios, segundo o estatuto da SADI. E comentei sobre a intenção de venda com vários ex-presidentes e nenhum deles sequer sabia disso, não tendo sido, obviamente, consultados. Como é que querem vender sem aprovação do conselho? Salvo se o conselho formado entre os poucos sócios, todos praticantes do bolão, se reuniu, convenientemente, para aprovar a venda. E se a venda de parte da área da sede social é inevitável, seja qual for a razão, isso não deveria estar sendo feito às escondidas, que é como eu vejo. Por que não convocaram os ex-presidentes? Por que não divulgaram esta intenção para que a sociedade e até mesmo o poder público se manifestasse, ou mesmo para que a sociedade se unisse e com um esforço conjunto tomasse providências para aplacar a situação? Destaco que se a Atiradores está ainda de pé e com as portas abertas, mesmo nesta infame pandemia, isso se deve 90% ao seu ecônomo, Sr. Marcelino Vier, que é quem, por exemplo, construiu há poucos anos, novas canchas de bolão totalmente automatizadas, afora um telhado todo novo e demais instalações periféricas. Então isso tudo iria para o lixo? Passariam o trator como alguns “vendentes” estão dizendo? Pergunto quem é essa turminha que chegou à cidade há alguns anos e, mesmo que tenha trabalhado em prol da SADI, coisa que nunca foi imposto a ninguém, agora quer vender, ainda que apenas parte, da sede social? Quanta audácia e cara de pau. E finalizo: com a venda desta fração, que é quase a metade do terreno, o restante se inviabiliza e não servirá mais como restaurante ou salão de eventos, pois não haverá mais espaço para uma cozinha e copa, com todos os implementos necessários para o seu bom funcionamento.

 

*

 

Fernando Koch

 

Dois Irmãos, 12 de abril de 2021

Venda de parte da Sociedade Atiradores será discutida em reunião nesta segunda-feira

 

Como assim?

Esta foi minha grande surpresa ao ler a manchete do JDI na segunda-feira, pois eu Fernando Koch (ex-presidente – gestão 92/93), NÃO concordo com esta venda! Querem vender parte da história do município? Como vender algo que faz parte de uma rua que está tombada pelo patrimônio histórico da cidade? Sendo que no seu entorno há um prédio também tombado? Cito o Salão Sander (há poucos metros da sociedade, na mesma calçada).

Ao nos desfazermos de parte deste prédio, que nos remete ao início da formação da sociedade de Dois Irmãos, estamos dando as costas a nossa história! Este “prédio” teve função primordial na integração dos descendentes dos primeiros imigrantes que aqui chegaram, uniu famílias, abrigou vivências de costumes e tradições da cultura de um povo, sustentou (e sustenta) a manutenção de esportes (exemplifico: bolão); acolheu movimentos culturais e sociais, onde ocorreram por décadas momentos de lazer e interação de (e entre) várias gerações, bem como “ensinou” a muitos dois-irmonenses que por ali passaram o valor de viver em grupo e ser proativo em prol do coletivo.

 

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Nilzo Müller

Referente a venda da Sociedade Atiradores, sou totalmente contra! Pelo que ela representa histórica e culturalmente para Dois Irmãos, pelo que ela representou na vida da maioria das pessoas da nossa comunidade e de cidades vizinhas, nos bailes, jantares, boate Express e demais eventos, que eram referência para muitas outras sociedades! Jamais poderia ser vendida e transformada em qualquer outra coisa que não remetesse a este propósito. Quanto a fazer esta venda para um investidor que não sabemos quem é, por uma diretoria que não consulta o conselho nem os ex-presidentes, não tem o meu aval para a venda.

 

*

 

Décio Weber

Presidi a SADI no ano de 1989. Numa síntese, posso afirmar que foi um ano marcado por fatos/conquistas maravilhosas, também em função de termos na época um quadro social de contribuintes ativos muito interessante. No ano de 1989 foi inaugurado o CTG, na sede campestre. Instalação/inauguração do primeiro armador automático de pinos de bolão. Pintura interna/externa do prédio da sede social. Aquisição de 350 caldeiras novas para a sede social. Investimentos volumosos consideráveis na construção do prédio do tiro ao alvo na sede campestre. Investimentos consideráveis na melhoria do camping da sede campestre. Investimentos consideráveis na iluminação para discoteca Express, entre outros. Tinha promoções todos os finais de semana. Tinha grupo de danças folclóricas alemãs com coordenação da Tia Liria. Tinha os grupos de bolão todas as noites. Tinha jogos diários de carteados rigorosamente todos os dias. Tinha ping-pong e jogos de bilhar/sinuca. Tinha o futebol sete no auge com disputa de torneios. Tinha o Departamento de Piscinas no auge. Muitas famílias acampavam no camping da sede campestre.

Na sede social funcionava a biblioteca com acervo considerável. A Atiradores tinha informativo trimestral para os associados. Neste ano foram realizados seis bailes: Baile de Carnaval com camarotes, Baile de Aniversário, Sexta Super com o conjunto Impacto Musical, Baile de Kerb com a sede social toda decorada pelo Departamento Social/Jovem, Baile do Rei/Rainha do Bolão e Tiro ao Alvo, Baile de Réveillon. Tinha festa de casamentos (minha festa foi em 15/07/1989). O grupo de dança folclórica viajou a Marília, São Paulo, a convite da Unimar, para a primeira chip fisio alemã em conjunto com a banda municipal de Santa Maria do Herval. Também viajamos para a ALEMANHA, em turnê memorável representando os costumes/danças folclóricas trazidos pelos antepassados. O restaurante funcionava todos os dias. Tinha os famosos jantares de casais do Clube 7 de Setembro, do grupo de bolão. Era uma infinidade de atividades. Tinha também os torneios de bolão intergrupos, o famoso Wanderpreis. Tinha o intercâmbio de grupos de bolão de Porto Alegre e muitos outros municípios e também do tiro ao alvo de fora do estado do RS. Vinham delegações da Alemanha e se apresentavam na Atiradores. Tinha os encontros de grupos folclóricos do RS e outros estados.

Enfim, era atividade diária com acentuação nos finais de semana. Tem tantas outras histórias que daria um bom livro. Vivi na ATIRADORES boa parte da minha vida. Foram mais de 20 anos, desde ajuntador de pinos do bolão do grupo Os Corujas e Pioneiras, secretário, tesoureiro, economia do bar e restaurante, presidente executivo e presidente do Conselho Deliberativo. Nos últimos anos não tenho mais participado.

 

*

 

Ricardo Scholl

A sociedade precisa ser repensada; a venda de parte do seu patrimônio não é a melhor opção.

 

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Prédio é tombado?

César Müller – O prédio não é tombado porque já foi totalmente desfigurado como era o original. Mas é de interesse cultural.


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