
Sheila da Silva (PT) / Celina Christovão (MDB)
O Dia Internacional da Mulher, celebrado neste 8 de março, foi lembrado na sessão de segunda-feira (6) pelas representantes femininas na Câmara de Vereadores de Dois Irmãos. A atual legislatura conta com duas mulheres em meio a sete homens.
Sheila da Silva (PT) voltou a lamentar os números assustadores da violência doméstica e relembrou a origem da data.
– No Brasil, mais de 18 milhões de mulheres sofreram violência só em 2022. A cada um minuto, 35 mulheres são agredidas no país. Esse é o assunto que está sendo discutido nesta semana. Para muitos, a gente observa que é dia de homenagear com flores, com discursos bonitos e elogios, mas percebo que não vai muito além disso. A essência da data não é conversada, e seria importante a gente lembrar daquelas 100 mulheres que foram queimadas porque estavam tentando conquistar os seus direitos; das sufragistas e feministas que tiveram um árduo trabalho nestes movimentos para conquistar o direito ao voto, por exemplo. Não é por acaso, vereadora Celina, que nós estamos aqui, você e eu, e também não é por acaso que estamos aqui só você e eu, no meio de sete homens: é o retrato de uma sociedade ainda estruturalmente machista. Que nesta data a gente também lembre disso, não só das flores, mas também do respeito e por que ela existe – declarou.
Em seguida, a vereadora cobrou mais uma vez apoio a ações concretas de enfrentamento à violência doméstica no município.
– O discurso de apoio às mulheres e combate à violência contra a mulher não sai muito do discurso. O engajamento na própria Câmara de Vereadores, mais efetivo, com ações de combate a esta cultura, praticamente não existe. Eu apresento aqui um anteprojeto e tenho a impressão de que me encontro um pouco sozinha com ele ou que é pouco valorizado. Ou quem sabe a nossa realidade não está sendo olhada de frente. Penso que precisamos olhar com mais seriedade para a nossa realidade, mais de perto, e com ações mais efetivas para que a gente diminua o sofrimento das mulheres – observou Sheila.
Celina Christovão (MDB) concorda que é preciso encarar a realidade de frente.
– Como disse a minha colega, não adianta só receber homenagens e flores: temos que lutar por elas. Não podemos fechar os olhos para a violência contra a mulher, achar que está tudo bem e deixar as coisas continuarem como estão. Peço ajuda de todos os colegas – afirmou.
NÚMEROS DA CIDADE
Nos primeiros dois meses de 2023, conforme levantamento da Polícia Civil de Dois Irmãos, foram registrados 30 casos de violência doméstica no município – 20 em janeiro e 10 em fevereiro. Ao todo, 2022 fechou com 195 ocorrências, um aumento de 49 casos em relação a 2021, quando foram registradas 146.
Em uma participação na sessão da Câmara, em dezembro passado, o juiz Miguel Carpi Nejar relatou que a Comarca de Dois Irmãos tem a cada dois dias um registro de pedido de adoção de medidas protetivas no âmbito da violência doméstica e familiar.
NÚMEROS DO PAÍS
O Brasil teve um aumento de 5% nos casos de feminicídio em 2022 em comparação com 2021, aponta levantamento feito pelo g1 com base nos dados oficiais dos 26 estados e do Distrito Federal. São 1,4 mil mulheres mortas apenas pelo fato de serem mulheres – uma a cada 6 horas, em média. Este número é o maior registrado no país desde que a lei de feminicídio entrou em vigor, em 2015.
A alta acontece na contramão do número de assassinatos sem o recorte de gênero, que foi o menor da série histórica do Monitor da Violência e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Com 40,8 mil casos, o país teve 1% menos mortes em 2022 que em 2021.