
(Foto: Arquivo JDI)
Faleceu nesta terça-feira (5), aos 74 anos, o artista plástico Flávio Scholles. O velório será realizado na Capela 4 do Crematório e Cemitério Parque Jardim da Memória, em Novo Hamburgo, a partir das 8h30 de quarta-feira (6). A cerimônia de cremação ocorrerá às 17h no mesmo local.
Flávio nasceu em 15 de fevereiro de 1950, na localidade de São José do Herval, em Morro Reuter. A prefeitura do município emitiu nota de pesar e decretou luto oficial de três dias.
– Scholles era mais do que um artista: ele foi um cronista visual, documentando em suas telas e esculturas as histórias, lutas e alegrias de comunidades inteiras. Suas exposições, que passaram por importantes galerias e espaços culturais no mundo, deixaram uma marca inconfundível, proporcionando reflexão e emoção a todos os que tiveram o privilégio de admirar sua obra. Entre suas obras mais conhecidas está a série “Recordações”, que explora a beleza e a simplicidade do cotidiano, transformando cenas comuns em experiências emocionais. Um dos quadros dessa série, Situações Poéticas, foi doado por Scholles para a sede da Prefeitura de Morro Reuter, além de uma réplica, que está exposta no Receptivo Turístico Belvedere. A história e a memória de Flávio se confundem com a identidade de Morro Reuter, especialmente de São José do Herval, onde o artista construiu seu ateliê com uma arquitetura única. Expressamos nossas sinceras condolências aos familiares, amigos e admiradores de Flávio Scholles – diz a nota da administração municipal.
A prefeitura de Dois Irmãos também divulgou nota de pesar:
– Sua arte conquistou o reconhecimento internacional, com mais de 10 mil telas distribuídas mundo afora, e com respeitável acervo em seu reconhecido atelier, no topo de um terreno com vista privilegiada na localidade de São José do Herval. Seus “quadros que falam” são uns dos mais ricos registros sociológicos sobre esse povoado singular. Em respeito a essa grande perda, o prefeito Jerri Meneghetti destacou o legado do artista para o mundo das artes e para a nossa região. “Reconhecido internacionalmente, Flávio Scholles, contribuiu enormemente para as artes e para a nossa região, tornando se universal, retratando o seu local”, disse o prefeito. Jerri também fez questão de registrar que o artista sempre foi parceiro da educação, recebendo turmas de estudantes com muita atenção.
O editor do JDI, Alan Caldas, lamentou a morte do seu grande amigo. Confira:
Nosso Flávio Scholles a-Deus!
Acaba de falecer Flávio Scholles, meu queridíssimo amigo e mais destacado artista plástico da região.
Estou chocado. O Flávio foi amigo desde meu primeiro dia em Dois Irmãos. Ele era “de casa”, assim como ele entrava na minha eu entrava na dele.
Nossos bate-papos eram incríveis e sobre os assuntos mais igualmente incríveis.
Arte. Poesia. Política. Antropologia. Economia. Ciência. Cultura. Não havia o que não falássemos.
Eu queria o Flávio como um irmão. Aprendi muitíssimo com ele. Creio que ele comigo, também. Tínhamos sintonia fina.
No ano 1988 levei vários quadros do Flávio para a União Soviética e os expus no hall do hotel Rossia. Os russos adoraram o expressionismo cubista do artista teuto-brasileiro.
Depois os levei a Helsinki, a seguir a Estocolmo e por fim a Copenhague, sempre expondo em halls de grandes hotéis e sempre recebendo grandes elogios dos críticos.
Foi a primeira vez que a obra dele saía do país para isso.
Na volta, entre um chimarrão e outro, ríamos da proeza de levar em tubos no avião aqueles quadros.
Um ano depois, ele pintou (e me presenteou) um quadro em homenagem àquela “gauchada”.
Uma cultura leva séculos para ter alguém que seja a síntese cultural da região. O Flávio era isso: a síntese da cultura teuto-brasileira que tanto bem fez e faz ao Vale do Sinos.
O Flávio sempre foi saudável. Ultimamente, porém, ele vinha atormentado com um problema no trigêmeo, um músculo da face que lhe dava um dor imensa. Andava triste com isso.
Semana passada liguei para a querida Rudaia Scholles, filha dele, perguntando do nosso artista. E ela me falou que o nosso maior expoente das artes estava com câncer.
Tremi ao saber.
Flávio tinha 74 anos. Ia sofrer, eu pensei, e prometi à Rudaia que esta semana sem falta faria uma visita ao nosso Flávio. Mas não deu tempo.
Que triste!!!
Assim e a contragosto, entregamos o nosso querido amigo Flávio Scholles a-Deus.