
Meio Ambiente: Reciclagem e Coleta Seletiva foi tema de encontro na Câmara
A segunda edição das temáticas populares, realizada no último dia 27, abordou o tema Meio Ambiente: Reciclagem e Coleta Seletiva. O encontro promovido pelo Poder Legislativo foi proposto pelo vereador Nilton Tavares (PP) e contou com a participação de Ivana Soligo Collet, bióloga e coordenadora de Educação Ambiental da Secretaria Municipal de Educação; Maria Elisa Staudt, chefe do Setor de Controle de Resíduos; e Fábio Rodrigo Bamberg, presidente da Cooperativa dos Recicladores de Dois Irmãos.
Inicialmente, Ivana lembrou que a coleta seletiva teve início em 29 de outubro de 1994, destacando a vontade política e a apoio da população para o sucesso da iniciativa. Ela também mencionou o grande trabalho realizado junto às escolas desde o início.
– Além da campanha educativa que fizemos nas escolas para escolher o mascote, a gente trabalhou muito fortemente a formação de professores das redes municipal, estadual e particular. Os professores foram formados para passar os ensinamentos aos alunos, então as escolas se engajaram muito nesse projeto. O sucesso da coleta no município foi muito pela educação das pessoas, que aderiram ao projeto – afirmou.
A conscientização, segundo Ivana, deve ser permanente.
– A educação ambiental é contínua no município, inclusive com a formação de professores. O exemplo se faz com a prática. Não adianta o professor na sala de aula falar que é importante separar o lixo se o aluno percebe que esse professor não está separando o seu resíduo. Todos os nossos espaços escolares têm as lixeiras separadas – comentou.
Custo mensal de R$ 160,5 mil
Elisa trouxe alguns números dos investimentos feitos pelo poder público.
– Hoje, o custo com o transporte dos resíduos, que é feito pela Saneban, é de R$ 26 a tonelada. Por mês, em média, são 500 toneladas somente do lixo que não é aproveitado. O destino deste lixo é a CRVR em Arroio da Manteiga (São Leopoldo), com o custo de R$ 55 mil por mês, em média. Também temos o repasse para a Usina de Reciclagem (R$ 65 mil), a manutenção dos caminhões (em média R$ 9,5 mil por mês) e o custo com combustível dos veículos (em média R$ 19 mil por mês). O gasto total mensal gira em torno de R$ 160,5 mil, sem contar luz, água e pessoal – pontuou ela, lembrando ainda que os caminhões percorrem de 115 a 120 quilômetros por dia para fazer o recolhimento.
Cooperativa dos Recicladores
O presidente Fábio falou sobre o trabalho realizado pelos recicladores.
– A nossa cooperativa tem 27 anos, nasceu junto com a coleta seletiva. Hoje, são 38 cooperados que fazem a triagem e classificação do lixo, além do beneficiamento do plástico no galpão da Picada Verão. São 25 pessoas que trabalham lá dentro e 13 que fazem a coleta na rua. O beneficiamento que eu digo é a moagem e a lavagem do plástico. Hoje, a cooperativa consegue colocar o plástico diretamente na indústria, não precisa de atravessadores. Muitos atravessadores ganham nas costas dos cooperados, então a gente consegue agregar um valor ao plástico com esse beneficiamento e maquinário que temos – relatou.
Ele destaca a importância da conscientização da comunidade.
– A cooperativa é de todos os moradores de Dois Irmãos. Todos os que fazem a separação do lixo tem alguma porcentagem nesse sucesso. O apoio da prefeitura também tem que ser valorizado; sempre tivemos esse apoio, o que não se vê em outros municípios. Hoje somos referência no Estado e no Brasil – comentou Fábio.
No ano passado, de acordo com o presidente, foram reciclados 1.357.980 quilos de resíduos, sendo 602.646 quilos de papel, 155.698 quilos de vidro, 476.126 quilos de plásticos, 102.452 quilos de materiais ferrosos e 21.058 de não ferrosos.
Coleta clandestina e horário de recolhimento
Durante a reunião, foi levantada a questão sobre a propriedade do lixo e o que diz a lei.
– As pessoas costumam entender que quando o lixo é colocado na via pública qualquer um pode pegar, mas não é assim. O lixo urbano é responsabilidade da prefeitura, e a prefeitura pode terceirizar, como é feito com a cooperativa – explicou a bióloga Ivana.
Fábio citou que a coleta clandestina prejudica os recicladores.
– Em municípios onde a coleta clandestina toma conta, a cooperativa não vai pra frente, pois acaba não indo o melhor (do lixo), o mais valioso para a cooperativa se sustentar – observou.
Por fim, Elisa reiterou a importância de respeitar o horário de recolhimento, citando a realização do estudo de rotas implantado em 1º de agosto de 2017.
– Esse estudo é muito completo, mas já estamos sentindo que vamos ter que fazer um novo, pois nossa cidade está crescendo muito – naquela época, por exemplo, não havia tantos loteamentos – comentou a chefe do Setor de Controle de Resíduos.
(Fotos: Divulgação / Câmara)