Coronel brasileiro que atua no México palestra para Grupo Reflexivo de Gênero

29/01/2024
Por videoconferência, Coronel Barboza palestrou para o grupo

Por videoconferência, Coronel Barboza palestrou para o grupo

Criado em Dois Irmãos em julho do ano passado, o Grupo Reflexivo de Gênero, destinado para autores de violência contra a mulher, teve, nesta quinta-feira (25), o primeiro encontro de 2024. Realizado no Fórum da cidade, contou com a participação de 14 homens denunciados com base na Lei Maria da Penha.

Liderado pela coordenadora do grupo, Silvia Cristina Ferreira Maciel, com formação para a função obtida pelo Tribunal de Justiça do Estado, o encontro contou com a participação de Paulo Barboza, Coronel Wofe Seares e comandante da polícia de Fronteira no México. Brasileiro, ele está no país há 10 anos e, através de videoconferência, falou sobre a criminalidade no México, além de destacar o machismo existente, afirmando que lá não há nada semelhante à Lei Maria da Penha. Falando da cidade de Tijuana, na divisa com os Estados Unidos, o coronel destacou que em média 35 pessoas são mortas por armas de fogo por dia, e muitas delas são mulheres. “Aqui, se uma mulher é eleita para cargo público, governadora ou presidente municipal, por exemplo, ela não pode morar na sua casa; ela precisa morar em um alojamento militar e estar sempre sob segurança da polícia”, diz ele. “Estamos muito atrasados aqui”, comenta, contando, ainda, que lá é inadmissível uma mulher receber um salário maior que o homem.

O coronel também compartilhou situações de violência doméstica registradas no país e afirmou que, na maioria dos casos, os acusados estavam sob efeito de drogas lícitas ou ilícitas, situação também identificada em casos registrados em Dois Irmãos. Segundo ele, também é comum a mulher ser conduzida à delegacia e depois não desejar representar criminalmente contra o agressor. “Sem boletim de ocorrência, não há crime”, ressalta.

Com formação em traumatologia e fisioterapia, Paulo Barboza é encarregado de uma escola de enfermeiros, instrutor de defesa pessoal e também integra os Rangers, um dos principais grupos de elite do exército dos Estados Unidos.

 

“É preciso reavaliar a conduta”, diz coordenadora

Falando sobre o alto índice de violência contra a mulher, a coordenadora Silvia chamou a atenção para a gravidade dos casos notificados nos últimos meses, citando que muitas vítimas são espancadas e perseguidas pelos homens. “Atendi o caso de uma mulher que foi mantida 18 dias em cárcere privado, esfaqueada, em Sapiranga”, comentou, também expondo o áudio que outra vítima encaminhou para a rede de proteção enquanto era agredida pelo companheiro. A gravação é a prova do horror vivido por muitas mulheres na região.

Sensível ao assunto, Silvia pediu que os homens participem dos encontros do Grupo Reflexivo de Gênero. “Se não estão aqui por vocês, que venham pelos seus filhos, pelas suas irmãs, pelas suas famílias”, comenta, ressaltando que acredita nos homens e na reforma interna de cada um deles. “Senão não estaria aqui”, completa, afirmando: “É preciso reavaliar a conduta. Vamos refletir. Estamos buscando resgatar sentimentos bons em vocês”.

 

Sob efeito de drogas

Representando a Brigada Militar, o sargento Josiel Neves ratificou a fala do coronel Barboza, reforçando que, na maioria dos casos de violência doméstica atendidos no município, os homens denunciados estavam sob o efeito de drogas lícitas ou ilícitas. Ele também ressaltou a necessidade de pedir ajuda em situações difíceis, de conflito familiar. “Busque um psicólogo, um profissional da rede ou até a Brigada Militar, através do 190. Vamos poder orientá-los”, destaca o sargento, também chamando a atenção para a importância do Grupo Reflexivo de Gênero: “Isso aqui não é castigo; é uma grande oportunidade”.

O encontro também contou com a presença do juiz da Comarca de Dois Irmãos, Miguel Carpi Nejar, do psicólogo Wilson Correa Vieira e da coordenadora da Coordenadoria da Mulher, Claudete Fritzen.

 

Sobre o projeto

O Grupo Reflexivo de Gênero é uma iniciativa da prefeitura de Dois Irmãos, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social e Habitação e da Coordenadoria da Mulher, em parceria com o Tribunal de Justiça do Estado (TJ-RS), Poder Judiciário e Promotoria Pública. O objetivo é diminuir a reincidência dos crimes de violência doméstica.

De acordo com a coordenadora da Coordenadoria da Mulher, Claudete Fritzen, este é o segundo grupo que participa do projeto. Os encontros iniciaram em novembro e ocorrem a cada 15 dias, no Fórum. No total, são seis.

Segundo Claudete, o grupo é aberto a todos os homens, mesmo que não tenham medida protetiva. Atualmente, dois frequentam os encontros de forma voluntária.

 

Como funciona

Após a vítima de violência registrar ocorrência e solicitar medida protetiva (com base na Lei Maria da Penha), o agressor é intimado judicialmente, tendo que respeitar a distância e a participação nos encontros dos grupos reflexivos. A ausência do homem intimado em dois encontros significa o descumprimento da medida protetiva.


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