Faleceu aos 90 anos Herberto Kuntzler, fundador da empresa H. Kuntzler

28/09/2023
(Foto: Arquivo JDI)

(Foto: Arquivo JDI)

Faleceu nesta quinta-feira (28), aos 90 anos, Herberto Kuntzler, fundador da indústria de calçados H. Kuntzler, uma das maiores de Dois Irmãos. Ele deixa enlutados a esposa Celina, os filhos Luiz Fernando Kuntzler, Maria Angélica Kuntzler Mallmann e Maria Elisabete Kuntzler Schneider; netos, bisnetos, demais familiares e amigos.

De acordo com informações da Funerária Schaumloeffel, os atos fúnebres ocorrem na Capela Municipal de Dois Irmãos. A cerimônia de despedida será nesta sexta-feira (29), às 8h, na própria capela, com sepultamento após no Cemitério Católico São Miguel 1. 

A prefeitura de Dois Irmãos publicou nota de pesar e decretou luto oficial de três dias. Além da história na indústria calçadista, Herberto teve participação ativa na vida comunitária, tendo sido presidente da Comunidade Católica, da Fundação Assistencial de Dois Irmãos (FADI) e do Sindicato Patronal, além de sócio fundador do Lions Clube e membro do Conselho Comunitário Pró Segurança Pública (Consepro).
 

Em reportagem especial publicada em setembro de 2021, Herberto contou ao Jornal Dois Irmãos um pouco da sua história profissional e de vida. Acompanhe:

 

 

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Herberto Kuntzler conta sobre a importância das fábricas de calçados

 

Herberto Kuntzler é o fundador da H. Kuntzler, fábrica de calçados reconhecida internacionalmente e que ajudou a impulsionar o desenvolvimento de Dois Irmãos ao lado de empresas históricas do município.

Herberto nasceu em 1933, em Dois Irmãos, e desde seus 13 anos de idade ajudava o pai, Fernando Kuntzler, a produzir sapatos na garagem da casa que ficava em frente ao Colégio Imaculada Conceição. No ano de 1954, Fernando foi morar no Paraná e Herberto assumiu a sapataria do pai. “Na época, trabalhávamos só para Dois Irmãos, eu fazia botas, tamancos, chinelos e principalmente consertos de sapatos”, relembra.

No dia 2 de janeiro de 1956, ele abriu a empresa Calçados Benjamim com o seu amigo Benjamim Motyczka. Mais tarde, em 1959, Herberto mudou o nome da empresa para H. Kuntzler e o sócio Benjamim deixou de fazer parte da indústria. O foco naquela época eram os calçados infantis e a primeira marca desenvolvida foi a Badel.

As vendas começaram a expandir para fora de Dois Irmãos, depois para o Rio Grande do Sul, para o Brasil e por fim para diversos países. A pequena fábrica que nasceu no porão de uma casa atingiu proporções globais. A partir de 1974, o foco deixou de ser calçados infantis e se tornou a produção de sapatos femininos. “Com as fábricas, Dois Irmãos começou a crescer, era um setor muito forte. Para a cidade, o calçado foi um salto, começou a vir muita gente de fora para trabalhar aqui porque faltava mão de obra”, comenta.

Algumas fábricas que existiam naquela época eram: Ellwanger, Montanha, Wirth, Henrich, Roseli e Herval. As fábricas trouxeram não somente novos moradores e geração de renda, mas também uma movimentação social. Os industriários pediam donativos, organizavam festas e ajudaram a construir a Sociedade Santa Cecília e a Igreja Matriz de Dois Irmãos.

 

Novos tempos

A tecnologia surgiu e as coisas começaram a melhorar. Herberto explica: “O sapato é melhor que antigamente, antes era feito tudo a mão, era tudo pregado, todo mundo sentado e trabalhavam em cima dos joelhos.” E acrescenta: “Hoje em dia, são as máquinas que fazem a maior parte do trabalho. Antigamente era pregado, hoje é tudo com cola, porque a cola ficou tão boa que ficou melhor que com o prego”.

Na atualidade, a H. Kuntzler tem a fábrica matriz em Dois Irmãos e duas filiais – uma em Sapiranga e outra em Santa Maria do Herval. Empregam em média 1.200 funcionários diretos e também fazem a produção de bolsas e acessórios, além dos calçados femininos. Herberto acredita que o futuro do calçado depende de um governo que priorize e facilite a exportação, que é uma parte importante para a sobrevivência das indústrias calçadistas. “Sem a chance de exportação, fica difícil pensar em um futuro”, diz.

 

Empresa familiar

Herberto tem três filhos, sete netos e uma bisneta (agora já são três). Os filhos e três netos fazem parte da H. Kuntzler, mas ele deixou de ser sócio. “Eu vou aos finais de semana para dar uma olhada, mas são meus filhos que estão tocando a fábrica. Tenho três netos que estão envolvidos também. Para mim, é uma satisfação que os netos decidiram participar, sendo a terceira geração na empresa”, comenta o fundador, orgulhoso.

Em um ritmo diferente que a idade exige, no seu tempo livre ele gosta de ir para a sua chácara no Travessão, onde tem uma horta e cria pavões, faisões, porco e gado. Para ele, é uma satisfação poder dizer que os industriários ajudaram Dois Irmãos a crescer e ver as próximas gerações continuando o trabalho.


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