Casas localizadas na beira do arroio foram levadas pela água

Estragos causados pelo ciclone extratropical, nos dias 15 e 16 de junho, ainda podem ser vistos no bairro Portal da Serra. Mais de uma semana após o fenômeno, trechos da Estrada Picada 48 ainda comprovam a força da água e a destruição que ela gerou, principalmente para as famílias que vivem às margens do Arroio Feitoria.

De acordo com o morador Jeferson Oliveira da Silva, de 31 anos, 13 casas que ficam na beira do rio foram atingidas pela enchente, e destas, quatro, que são de madeira, restaram destruídas após serem atingidas e arrastadas pela água. “Moro aqui a vida toda e sempre estou atento ao rio. Era por volta das 21h30 quando percebi que a água começou, e já saí passando nas casas, avisando para que as pessoas saíssem, pois o nível da água não parava de subir”, lembra ele, que com a ajuda do companheiro John Marley Dávila, de 27 anos, conseguiu retirar o carro que estava no pátio, algumas roupas e eletrônicos fáceis de carregar. Alguns animais de estimação também conseguiram se salvar, muitos deles subindo no telhado das casas.

Só neste trecho, são mais de 40 pessoas, entre idosos, adultos e crianças, afetados diretamente pela enchente. Segundo Jeferson, que está liderando a mobilização em prol destas famílias, os moradores estão sendo abrigados gentilmente na casa de familiares e amigos desde a noite da enchente.

Mesmo diante de uma grande mobilização para limpar e reorganizar suas residências, as pessoas perderam praticamente tudo. O que se salvaram foram alguns móveis e eletrodomésticos. Alimentos, medicamentos, tudo isso se perdeu, e, por isso, tiveram que recorrer a doações. Teve morador que perdeu, também, instrumentos de trabalho.

Conforme Jeferson, a maior parte das doações recebidas por estas famílias foi trazida pela comunidade até o local, ou, no caso das roupas, buscadas em uma casa do bairro, que recebeu e organizou doações para os vizinhos. “Muitos de nós foram até o Ginásio Imaculada Conceição para buscar doações, mas sentiram-se humilhados, pois não puderam pegar o que queriam e precisavam naquele momento”, comenta Jeferson, se referindo a restrição de quantidade, por exemplo. “Em compensação, muitos amigos, conhecidos e pessoas da comunidade em geral, vinham até aqui entregar doações às famílias”, completa, agradecendo a solidariedade de todos.

RECLAMAÇÃO

Os moradores também reclamam de descaso por parte da prefeitura. “Passavam aqui na rua, mas não entravam para ver nossas casas”, comenta Jeferson, citando que, até o final de semana, a administração municipal havia ajudado as famílias com Brasilit e brita. “Pedimos para que recolhessem entulhos que ficaram no nosso pátio, inclusive arrastados de outras casas, mas disseram que a retroescavadeira não poderia entrar, por se tratar de um local privado”, conta ele, indignado com a situação.

Na última quinta-feira (22), ocorreu uma reunião entre prefeitura e moradores do Portal da Serra, porém, segundo Jeferson, ainda restam muitas dúvidas sobre o que foi falado no encontro, principalmente sobre o projeto Aluguel Social. “As pessoas estão com medo de utilizar este benefício e depois não poder voltar para as suas casas”, comenta ele, que enfrenta o mesmo medo.

EM TEMPO

O projeto 52/2023, que institui o Benefício de Aluguel Social, foi aprovado pela Câmara de Vereadores na sessão desta segunda-feira (26). O valor máximo corresponderá mensalmente a até 2,5 BCM por moradia – BCM é a sigla de Base de Cálculo Municipal, hoje no valor de R$ 448,62. O auxílio valerá pelo prazo de até 6 meses, podendo haver uma prorrogação de até 6 meses. Também foi aprovada uma emenda supressiva retirando a necessidade de aceitação da demolição do imóvel, cuja segurança esteja definitivamente comprometida, em caso de utilização do recurso.

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Famílias criaram vaquinha online para reconstrução das casas

No momento, o maior esforço dos moradores é arrecadar recursos para reconstruir as casas que foram destruídas pela enchente. Para isso, as famílias criaram uma vaquinha online, que pode ser acessada através do link https://www.vakinha.com.br/3814173. Pode-se doar qualquer valor em dinheiro. A meta é arrecadar R$ 150 mil. Qualquer doação é muito bem vinda. Quem preferir, também pode entrar em contato com Jeferson, através do telefone (51) 9 9657-1873, e combinar sobre demais doações. As famílias seguem aceitando alimento e produtos de higiene e limpeza, por exemplo.