Daniel esteve em Dois Irmãos esta semana. Depois, seguiu para Porto Alegre

Em abril de 2021, Daniel Luis Mendes, de 26 anos, largou a vida em Florianópolis para rodar o Brasil de bicicleta. Voltou para casa no dia 1º de maio deste ano, após pedalar aproximadamente 9 mil quilômetros, percorrendo 15 estados e o Distrito Federal. Conheceu pessoas, lugares e culturas, e voltou com a certeza de que o cicloturismo seguiria fazendo parte da sua vida. “Quero conhecer 30 países até os meus 30 anos”, diz ele.

No último dia 1º de agosto, Daniel iniciou mais uma viagem, agora com destino a Ushuaia, na Argentina. Ela é conhecida como “a cidade do fim do mundo”. É a primeira vez que ele sairá do país. O trajeto é desafiador, como ele queria. “Escolhi porque é difícil, é o sonho de todo cicloturista brasileiro. Quem viaja assim, gosta de extremidades”, diz ele, contando que serão aproximadamente 6 mil quilômetros até lá. Segundo Daniel, os maiores desafios serão as fronteiras, as baixas temperaturas, o vento e o dinheiro. A expectativa é chegar à cidade até janeiro de 2023. “Gostaria de estar lá no meu aniversário, que é 17 de janeiro”, comenta.

Na última terça-feira (23), ele fez parada em Dois Irmãos, onde foi recepcionado por Vane e Elton Rocatelli. O casal, que acompanha o cicloturista nas redes sociais, gentilmente arcou com diárias em um hotel, onde ele pôde recarregar as energias e seguir viagem. “Fui muito bem recebido e comi um pastel maravilhoso”, diz ele, aos risos, falando sobre a ida a Padaria Becker.

Na quarta-feira (24), Daniel deixou Dois Irmãos rumo a próxima parada, Porto Alegre. Quem quiser acompanhar essa aventura, pode conferir tudo no YouTube e Instagram (@manezinhonaestrada). Atualmente, ele tem 9 mil inscritos no seu canal no YouTube e mais de 12 mil seguidores no Instagram. Muitas destas pessoas fazem parte do seu Grupo de Contribuintes, onde ajudam com valores em dinheiro, de forma espontânea. Quem quiser saber mais, basta entrar em contato com ele através destes canais.

LIBERDADE

Daniel começou a andar de bike para poupar dinheiro com transporte. Percorria aproximadamente 30 quilômetros por dia para ir e voltar do trabalho. Depois, trabalhou fazendo tele-entrega, também de bicicleta, andando cerca de 80 quilômetros por dia. “Peguei gosto pela liberdade”, diz ele, que a partir dali começou a praticar o ciclismo pela região catarinense. O esporte foi, inclusive, uma válvula de escape durante a pandemia, como uma maneira de amenizar os efeitos do isolamento social. “Numa dessas, fui para Lajes, e na volta decidi que era isso que eu queria; decidi que iria largar o emprego e rodar o Brasil de bicicleta”, conta.

Às vésperas do Ano-Novo, ele reuniu a família e contou sobre a sua decisão. A ideia era ficar, inicialmente, seis meses fora de casa, o que acabou se tornando mais de um ano. “Fiquei 7 meses sem ver o mar, salivando por um camarão”, lembra, aos risos, contando sobre algumas experiências gastronômicas que teve ao longo da primeira viagem. “Comi buchada de bode na Bahia e achei muito estranho. Já a comida que mais gostei foi o feijão tropeiro em Minas Gerais. Lá é muita abundância, é de sair rolando”, conta.

DESAFIOS

Daniel saiu de casa com a bicicleta, os bagageiros dianteiro e traseiro, equipamentos para acampar, comida, água e roupa. Durante este mais de um ano, já ficou sem ter onde dormir, sem água e sem comida. Já baixou hospital por causa de uma desidratação e já foi diagnosticado com Covid-19. “A única vez que cogitei voltar para casa foi quando estive no hospital”, comenta o jovem, que constantemente está em contato com a família, para falar como está e como anda a viagem.

Ele já dormiu em praias, postos de combustível, escolas abandonadas, quartel dos bombeiros e até já dormiu com ovelhas. Em dias de calor, dormiu na rua também. “Mas também já fui recebido por muitas pessoas em suas próprias casas”, diz ele, contando que conheceu muito mais pessoas boas do que ruins. “As famílias mais humildes são as que mais ajudam, muitas vezes”, completa.