Câmara de Vereadores recebe representantes de sindicatos médicos

22/03/2023
Dr. Kleber / Dr. Marcelo (Fotos: Divulgação / Câmara)

Dr. Kleber / Dr. Marcelo (Fotos: Divulgação / Câmara)

Na última segunda-feira (20), estiveram na Câmara de Vereadores de Dois Irmãos o vice-presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul – SIMERS, Dr. Marcelo Matias, e o presidente do Sindicato dos Médicos de Novo Hamburgo, Dr. Kleber Fisch, entidade que também abrange Dois Irmãos. Eles abordaram situações relacionadas a Emergência 24h.

De acordo com Kleber, os sindicatos foram acionados pelo grupo de médicos da Emergência 24h, que apresentou queixas e reivindicações.

– Os médicos estão se sentindo pressionados porque está tendo uma cobrança muito grande pelo atendimento de consultas, e eles, que são só dois, estão atendendo emergências. Tanto que na placa do Protocolo de Manchester o tempo de espera estimado para uma consulta azul é 4 horas. Dizem que qualquer pessoa que passa mais de uma hora ali começa a acionar todo mundo aqui na cidade: prefeito, vereador, não sei quem da Câmara, da prefeitura, e essa cobrança vem pra cima dos médicos que estão lá às vezes atendendo uma emergência. O que a gente também verificou é que não existe um sistema administrativo de proteção e auxílio ao médico – destacou.

Ele comentou que uma das principais dificuldades é o alto número de consultas eletivas na Emergência 24h – segundo o médico, estas deveriam ser feitas nas unidades básicas.

– Temos duas sugestões: a primeira é abrir consultas em que o paciente possa chegar na UBS e ser atendido no mesmo dia, num número pequeno; a segunda é colocar mais um médico no plantão. Outro problema no plantão é que os médicos têm um controle sobre os exames que podem ser pedidos, e isso também complica. A gente entende que o SUS põe algumas barreiras, mas esse sistema administrativo de pedido de exame e transferência, ao nosso ver, não é parte do médico. Eles também nos solicitaram a contratação de um segundo médico plantão pediátrico, porque hoje o plantão pediátrico atende as consultas e também a sala de parto, só que é impossível para um médico estar em dois lugares ao mesmo tempo – afirmou Dr. Kleber.

 

Números e cobrança a vereador

O vice-presidente do SIMERS chamou atenção para alguns dados:

– Pelos números que temos disponíveis na cidade, 50% dos atendimentos são atendimentos que seriam eletivos. Resolve-se o problema da Emergência fazendo com que a Emergência execute a sua função. Portanto, o problema não está na Emergência, mas na rede de atenção básica, que deixa passar 50% dos atendimentos. Mas, por alguma razão, a gente vai lá na porta da Emergência e acusa o médico que está lá atendendo. Na prática, o que acontece é que, pelo número de médicos disponíveis na Emergência, nós deveríamos ter aproximadamente 120 atendimentos por dia, mas a média é de 180 – declarou Dr. Marcelo.

Ele também citou episódios envolvendo Paulino Renz (PDT), que seguidamente é acionado por pacientes com reclamações de atendimento.

– O vereador Paulino usa da sua posição para adentrar a Emergência e de alguma forma transferir a responsabilidade das dificuldades do sistema de saúde para o médico que ali está naquele momento, e ao que me consta inclusive profere acusações a esses profissionais nesse próprio plenário. A história mostra que, quando os médicos não têm segurança, costuma faltar médico. Quando os médicos não têm tranquilidade para exercer a sua função e ao lado tem um lugar onde haja tranquilidade, ele vai para lá. Se eu deixo de solicitar exames por necessidade, para satisfazer um ente político para que o meu nome não seja colocado a público, eu deixo de fazer medicina e passo a fazer política. Qualquer pressão política aumenta o risco sobre o próprio exercício profissional da medicina. O sindicato sabe que, se o médico corre riscos ao trabalhar naquele local, aquele local acaba tendo mais cedo ou mais tarde perigo de desassistência – acrescentou o vice-presidente do SIMERS.

 

 

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Paulino Renz reage com indignação após ser citado

 

A participação dos representantes do sindicato repercutiu na sessão. Citado, Paulino Renz (PDT) mostrou indignação e chegou a bater com a mão na tribuna.

– Não ‘é’ eles que vão fazer o vereador Paulino se calar... Nunca falei mal do nome de nenhum médico aqui nesta casa, mas sim dos maus atendimentos, quando as pessoas vão cinco vezes, dez vezes, quinze vezes e não são mandadas fazer um exame. Aqui nesta casa mesmo, se não todos, quase todos já falaram do mau atendimento na nova Emergência, mas aí caem pra cima só do vereador Paulino. É lamentável o que fazem comigo, mas mais lamentável ainda é o que fazem com o povo de Dois Irmãos. Peço desculpas para o povo, estou alterado pela falta de respeito comigo. O povo está clamando, sim, colegas vereadores, pelo nosso prefeito, que ele pelo menos venha dar explicação sobre a nossa saúde. O vereador Paulino não pode cobrar a verdade porque daí vêm aqui botar pressão – declarou o pedetista.

Ramon Arnold (PP) considerou oportuna a manifestações dos médicos.

– Todos os vereadores recebem demandas de pessoas que nos procuram por problemas de saúde, e nós temos que fazer aquele trabalho de orientação, de pedir que sigam para o atendimento correto nas UBSs. É importante que as pessoas entendam que essa sobrecarga que muitas vezes acontece no posto de saúde poderia ser evitada através do acolhimento nos bairros – disse o vereador, sugerindo ao secretário da Saúde, Nilton Tavares, um trabalho de conscientização junto à população.

Sheila da Silva (PT) disse que a cobrança continuará.

– Se pelo que ouvimos existem problemas entre UBSs e Emergência, é necessário que se converse, se estude, se faça um planejamento para que funcione. Já ouvi várias vezes que as pessoas recorreram à UBS e não tinha médico, aí elas vão para a Emergência, que é a alternativa que elas têm. Isso eu falo com base no que eu ouço, nas mensagens de pais que dizem ‘não mandei meu filho (para a escola) porque não tenho atestado; fui no postinho e não tinha médico’ – comentou a vereadora.

Celina Christovão (MDB) sugeriu melhorias no acolhimento dos pacientes.

– Seria bom terem uma pessoa para fazer o acolhimento, ver qual é a necessidade de emergência ou não.


 


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