Família de menina com leucemia precisa de ajuda em Dois Irmãos

10/02/2023
Edriacnis, de 4 anos, foi diagnosticada com Leucemia Linfoide Aguda (LLA) no início de 2022

Edriacnis, de 4 anos, foi diagnosticada com Leucemia Linfoide Aguda (LLA) no início de 2022

Há mais de um ano, a menina venezuelana Edriacnis Valeria Carrasco Alvarez luta contra a Leucemia Linfoide Aguda (LLA), considerado o câncer mais comum em crianças. Com apenas 4 anos de idade, ela enfrenta a doença ao lado da mãe, Beatriz Adriana Alvarez Molina, de 28 anos, e da irmã, Edibeth Stephanie Carrasco Alvarez, de 6 anos.

Com poucos familiares por perto, elas contam com a solidariedade de uma rede de apoio formada por entidades sociais e pessoas da comunidade para tornar este momento um pouco mais tranquilo. Em tratamento no Hospital de Clínicas, em Porto Alegre, desde janeiro de 2022, a menina já passou por cirurgias e segue realizando sessões de quimioterapia. Esteve internada diversas vezes em razão da quimioterapia e outras situações, uma vez que sua imunidade ainda é muito baixa.

Atualmente, Edriacnis vai de duas a três vezes por semana para a capital, para sessões de quimioterapia ambulatorial e consultas, e sempre com a mãe, como foi desde o início. Para acompanhar a filha, Beatriz, que é técnica contábil e era caixa em um supermercado da cidade, precisou deixar o trabalho. Com isso, hoje a única fonte de renda da família é o Benefício de Prestação Continuada (BPC), do Governo Federal. O valor é de aproximadamente R$ 1.300,00, e nem sempre é suficiente. Há gastos com aluguel e contas básicas como água, luz e alimentação. E nem sempre é possível comprar tudo o que se precisa.

Diante das dificuldades, a família precisa de ajuda, principalmente da doação de frutas, verduras e carne. Segundo Beatriz, todos os meses a família recebe alimentos não-perecíveis do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) do município. Também recebe ajuda do Instituto Olívia Fischer, que inclusive disponibiliza atendimento psicológico à família, e do Instituto do Câncer Infantil. Porém, muitas vezes estes outros alimentos acabam faltando em casa. “Carne eu só compro se sobra dinheiro”, diz Beatriz, comentando que as últimas semanas foram difíceis. “Na semana passada, quando somei as contas do mês, me desesperei”, afirma ela, contando que precisou pedir ajuda. E ganhou. Na terça-feira (7), quando a redação do Jornal Dois Irmãos foi até a casa dela para conhecer a história da família, ela mostrou, feliz, frutas e verduras na geladeira.

Beatriz vive sozinha com as filhas em um porão, no bairro Portal da Serra. É tudo muito simples, mas limpo e organizado. Na moradia, não tem televisão. Os sofás também precisam de reformas. O ventilador, único meio de amenizar o calor, está em más condições.

Além dos alimentos, quem quiser colaborar também pode doar fraldas tamanho XGG e lenços umedecidos. Os contatos podem ser feitos diretamente com Beatriz, através do telefone (51) 99393-7508.

Refugiada, a família chegou ao Brasil em julho de 2019 e está no Rio Grande do Sul desde outubro daquele ano. Chegou a Dois Irmãos em meados de 2021, em busca de melhores condições de vida.

 

Sintomas iniciaram em novembro de 2021

Em novembro de 2021, Beatriz levou Edriacnis ao Pronto Atendimento (PA) de Dois Irmãos após suspeitar de picadas de mosquito no corpo da menina. Segundo ela, o médico deu remédio para alergia. No mesmo dia, Beatriz também notou inchaço no pescoço da filha, mas o médico teria afirmado que era normal. “Achei que era mesmo alergia, porque depois passou”.

No mês seguinte, Beatriz notou novamente o inchaço no pescoço da menina e retornou ao PA. De lá, foi orientada a buscar atendimento na Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro Bela Vista, que é a unidade de referência da família. Na época, Edriacnis já apresentava novos sintomas. “Ela tinha dificuldades para respirar, se queixava de dores no ouvido e tinha muita febre. Eu dava banho e não baixava”, diz a mãe, comentando que, após atendimento na UBS, foram solicitados exames.

Segundo a mãe, a situação se agravou rapidamente. “Eu comecei a entrar em desespero. O pescoço dela estava muito inchado, ela não tinha fome, não brincava, dormia muito, se queixava de dores nos joelhos, estava sempre cansada. Aquela não era a minha filha. A Edriacnis sempre foi ativa e, se deixasse, ela comia 24 horas por dia”, diz Beatriz, comentando que neste mesmo período, além do inchaço no pescoço, ela também já percebia inchaço na barriga.

Entre dezembro e janeiro, Beatriz acredita ter levado Edriacnis mais de dez vezes até a emergência. “Numa das últimas vezes que busquei atendimento, acharam que ela estava com vermes. Tratei em casa e ela não melhorava. Uns dois dias depois, teve 40° de febre e passou muito mal, foi quando segui de novo para o posto. Lá, só deram soro e medicaram. Me desesperei, porque sabia que ela não estava bem. Cheguei a pensar que tinham algo contra venezuelanos”, lembra Beatriz, que acabou pedindo ajuda a um enfermeiro que acabava de chegar no trabalho. “Ele mediu a temperatura dela e estava com 39,6°. Saiu correndo e avisou uma médica. Medicaram ela de novo, mas a febre não baixava e o inchaço na barriga não diminuía, foi então que começaram a prestar mais atenção na minha filha”, conta Beatriz, lamentando o descaso.

Naquele mesmo dia, 24 de janeiro de 2022, Edriacnis foi internada no Hospital São José, em Dois Irmãos, para exames. Segundo Beatriz, os resultados mostraram que a menina estava com inflamações no baço e no fígado, e com linfomas no pescoço e no tórax.

 

O diagnóstico

No dia 27 de janeiro, Edriacnis foi transferida para o Hospital de Clínicas, onde foi realizada cirurgia e biópsia do material, que confirmou a Leucemia Linfoide Aguda (LLA). A família recebeu o diagnóstico no dia 28 de janeiro de 2022. “A ficha demorou a cair, parecia que eu havia me bloqueado. Entrei no setor de oncologia do hospital, depois vi duas crianças carecas no quarto; entendia o que estava acontecendo, mas não queria aceitar”, conta Beatriz, relembrando os primeiros momentos dentro do Clínicas.

Após o diagnóstico, Edriacnis enfrentou, inicialmente, 40 dias de internação e 15 sessões de quimioterapia. “Sempre rezava e dizia para Deus que aceitava o que estava acontecendo, mas pedia que desse forças a mim e à minha filha para passar por tudo isso”, diz ela, contando que evitava chorar na frente da menina. “Eu tinha que transmitir força para ela”.

 

“Entreguei minha filha para Deus e ele fez um milagre”

Após o primeiro período de internação, Edriacnis foi submetida a mais três ciclos de quimioterapia. No segundo, teve muitas reações. “Cheguei a pensar que minha filha não iria aguentar”, diz Beatriz, contando que Edriacnis ficou 15 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). “Ela retrocedeu em muitos aspectos. Ficou muito fraca”, lembra a mãe, contando que neste mesmo período a filha foi submetida a uma cirurgia no intestino, devido a outras complicações. Na época, ela também precisou ser entubada. “Naquele momento, fui para o banheiro, me ajoelhei e rezei. Entreguei minha filha para Deus e ele fez um milagre”, diz ela, contando que após este dia Edriacnis apresentou melhora significativa. “Ela teve uma reação muito boa. Todo mundo ficou surpreso. A primeira coisa que pediu depois que acordou foi uma Coca-Cola”, lembra, aos risos.

Encerrados os ciclos de quimioterapia, segundo a mãe, os médicos alegaram que a doença está controlada. Edriacnis ganhou alta no dia 29 de agosto de 2022, e segue em acompanhamento. Atualmente, realiza as quimioterapias ambulatoriais.

 

Transplante de medula

Conforme Beatriz, Edriacnis será submetida ao transplante de medula óssea. “Os médicos alegam que corremos o risco de a doença voltar muito mais forte do que foi, e por isso decidiram realizar o transplante de medula”, diz ela, que, a princípio, será a doadora.

 

(Reportagem de Thaís Lauck)


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